Resenha - Em águas sombrias

Em águas sombrias, Paula Hawkins
Editora Record, 2017



#Sinopse: Nos dias que antecederam sua morte, Nel ligou para a irmã. Jules não atendeu o telefone e simplesmente ignorou seu apelo por ajuda. Agora Nel está morta. Dizem que ela se suicidou. E Jules foi obrigada a voltar ao único lugar do qual achou que havia escapado para sempre para cuidar da filha adolescente que a irmã deixou para trás.
 Mas Jules está com medo. Com um medo visceral. De seu passado há muito enterrado, da velha Casa do Moinho, de saber que Nel jamais teria se jogado para a morte. E, acima de tudo, ela está com medo do rio, e do trecho que todos chamam de Poço dos Afogamentos…

Com a mesma escrita frenética e a mesma noção precisa dos instintos humanos que cativaram milhões de leitores ao redor do mundo em seu explosivo livro de estreia, A garota no trem, Paula Hawkins nos presenteia com uma leitura vigorosa e que supera quaisquer expectativas, partindo das histórias que contamos sobre nosso passado e do poder que elas têm de destruir a vida que levamos no presente.



Enxuguei os olhos. Você me alfinetava desse jeito com frequência; a crueldade sempre foi o seu forte. Algumas farpas — sobre a minha gordura, sobre o quanto eu era lenta, sem graça — eu deixava para lá. Outras — “Ah, peraí, Julia… Seja sincera. Você não gostou nem um pouquinho?” — estavam entranhadas tão fundo na minha carne que eu não tinha como tirá-las a não ser abrindo novas feridas. Essa última foi sussurrada com uma voz pastosa dentro do meu ouvido no dia em que enterramos a nossa mãe — ah, eu teria ficado feliz em estrangular você com minhas próprias mãos por causa dessas palavras. E se você fez aquilo comigo, se foi capaz de me fazer sentir daquele jeito, em quem mais você despertou instintos assassinos?






 Em águas sombrias, novo suspense de Paula Hawkins, escritora do sucesso A garota no trem, nos vemos presos novamente em seus muitos mistérios. 

 Na cidadezinha de Beckford, um lago assombra há muito tempo a vida dos moradores da cidade. Lá, várias mulheres já perderam suas vidas. A vítima da vez é a escritora e fotógrafa, Danielle Abott. Sua irmã Julia, retorna a cidade onde achou que nunca mais fosse precisar colocar os pés. Com a morte da irmã, além de enfrentar seu passado, tem uma sobrinha de 15 anos para ser a responsável.

 Julia e a falecida irmã, não tinham um bom relacionamento e Julia nem mesmo conhecia a sobrinha. Lena é uma jovem abusada, que não aceita nada bem a vinda dessa tia, que segundo a sua visão dos fatos, nunca deu bola para sua mãe. 

 Antes de sua morte, Danielle ou Nel, como é chamada pelas pessoas que a conheciam, trabalhava escrevendo sobre as mortes das mulheres, no conhecido, Poço dos Afogamentos. O relacionamento dela com as pessoas da cidade não era muito bom, e quando uma jovem, amiga de Lena, se afogou também, se culpava a ela, que estava remexendo nessas histórias sombrias. 

 O detetive Sean e sua parceira Erin, precisam desvendar o que de fato aconteceu a Nel. Ela se atirou por algum problema ou alguém fez algo a ela? Mesmo não encontrando-se indícios de que tivesse ocorrido um assassinato, há muitas pessoas suspeitas nesta cidade. 

 Com capítulos curtos e uma narrativa alternada entre vários dos personagens da trama, a leitura se torna algo que flui de maneira fácil. Embora, o início possa nos confundir pelo número de personagens que narram, mas logo reconhecemos os personagens. Cada personagem é suspeito. Todos eles tem seus defeitos e já cometeram seus erros, o que vejo como ponto positivo por mostrar como é de fato a vida. Mais um ponto que achei muito positivo é o fato de a autora mostrar os problemas enfrentados pelas mulheres. Vemos os problemas com o próprio corpo, abuso sexual e psicológico, as pressões de ter que ser "mãe perfeita", agressões e vários outros. 

 É um mistério envolvente e nos pegamos suspeitando até da sombra de cada personagem. Há algumas coisas meio soltas na história, não sei explicar muito bem sem dar spoiler, mas algumas coisas que pareceram jogadas.

 O final não sei se era o que eu esperava. Pelos personagens serem qualquer um deles capaz de cometer coisas ruins, o final não tenha sido surpreendente de todo, afinal podia ser qualquer um e sendo assim nenhum envolvido seria uma surpresa, dá pra entender? Espero que sim.

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